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Filho de vereadora ia fugir de casa com mota e arma do pai, chegada da mãe levou a homicídio

O adolescente que matou a mãe, em Vagos, estaria a planear fugir de casa quando Susana Gravato o surpreendeu ao chegar à habitação. No primeiro interrogatório judicial, o rapaz de 14 anos terá contado que pretendia roubar a mota do pai e fugir com um amigo.

Fugir de casa era o plano do rapaz de 14 anos que matou Susana Gravato em Vagos. Tê-lo-á dito durante o primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Família e Menores de Aveiro.

O adolescente pretendia fugir com um amigo, levar a mota e a arma do pai e algum dinheiro, que estavam no cofre da família. A existência deste plano de fuga foi revelada pelo jornal regional “O Ponto”.

Susana Gravato, vereadora da Câmara Municipal de Vagos, foi assassinada há uma semana. No dia seguinte ao crime, Polícia Judiciária (PJ) comunicava ter identificado o filho mais novo por haver fortes indícios de que tinha sido ele a praticar o crime de homicídio qualificado.

A PJ não terá encontrado sinais de conflitos relevantes entre a família e o menor, admitindo que na origem do crime poderá ter estado um problema mental do jovem até então não diagnosticado.

Perturbação mental pode não ter sido diagnosticada

“Quando falamos principalmente de perturbações como, por exemplo, uma perturbação de oposição ou uma perturbação de personalidade antissocial, que são perturbações muitas vezes associadas a comportamento violento e agressivo, este tipo de diagnóstico é muito evitável porque a ciência questiona se a adolescência efetivamente é uma fase em que devemos fazer este diagnóstico, tendo em conta que as pessoas ainda estão em desenvolvimento”, explica Mariana Moniz, psicóloga clínica e forense.

O jornal Público apurou que o jovem confessou aos magistrados que gostava da mãe, mas não conseguiu explicar-lhes o porquê de ter disparado.

“Eventualmente, nós temos situações em que temos jovens que estão inseridos na sociedade, que vêm de famílias pró-sociais, que também estão inseridas na sociedade e que, não obstante, acabam por cometer esse tipo de atos. E aí faz-nos questionar, então, o que é que pode levar estes jovens a atuar nesse sentido”, refere Mariana Moniz.

“Nós sabemos que a adolescência é um estádio de desenvolvimento que é particularmente suscetível a problemas de saúde mental, devido às transformações físicas, transformações cerebrais, transformações hormonais, psicológicas, sociais. Portanto, temos de estar alerta eventualmente a este tipo de alterações na dinâmica e naquilo que era o funcionamento expectável ou habitual daquele jovem anteriormente”, acrescenta.

A morte desta mãe, de Vagos, na passada terça-feira, chocou a comunidade local e o país. A psicóloga clínica sublinha que “isto são casos excecionais, muito raros” e que “não há de facto um culpado, há sim uma interação de fatores que contribuíram” para aquela situação.

“Aquilo que podemos fazer para evitar situações futuras é tentar diminuir o impacto que esses fatores de risco têm, potenciando fatores de proteção, ou seja, dando apoio, estando mais próximo, tendo aqui a atenção da sociedade.

Por ter menos de 16 anos, o jovem não é criminalmente imputável. O tribunal determinou que fica internado num centro educativo em regime fechado por três meses. A medida será revista ao fim de dois meses e poderá durar no máximo meio ano.

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